De fato, Napoleão Bonaparte (1769-1821) foi um grande homem. Após a Revolução Francesa, a França ainda passava por um período difícil a tinha a população dividida. Jacobinos e membros da burguesia não tinham uma boa relação. Além da Europa monárquica temer por uma influência da revolução.
Em 1799 entra em cena então Napoleão Bonaparte. Napoleão já era um talentoso oficial do exército. Em 1799 caiu o Diretório, e instalou-se o consulado. Era regido por três cônsules, Roger Ducos, Emmanuel Sieyès e Napoleão. Porém Napoleão tinha mais poder no Executivo, por ser o primeiro-cônsul da república.
Já que Napoleão era o primeiro-cônsul ele tinha o poder em suas mãos, mesmo com a criação do Senado, Corpo Legislativo...
Era Napoleão quem dava as cartas na França. A França promoveu uma reforma em seu governo. Economia, religião – Napoleão instituiu que o catolicismo seria a religião -, educação e na parte de direito também. Napoleão criou o Código Napoleônico e um Código Penal.
A França ia bem, então em 1804 Napoleão recebeu aprovação em um plebiscito e se tornou imperador. Na dia de sua coroação como Imperador da França, Napoleão pegou a coroa das mãos do Papa Pio VII e ele mesmo o coroou. Era a amostra que Napoleão teria o pulso mais firme ainda no comando da França.
Antes da sua coroação como imperador, Napoleão vendeu os territórios franceses da América, que ficavam nos Estados Unidos. A maioria do dinheiro foi investido no exército francês.
Napoleão não queria ser um simples imperador, então começou a expandir o império francês pela Europa.
Napoleão expandiu o império francês por quase toda a Europa, a oeste da Rússia, faziam parte diretamente do império francês, ou estavam a ele unidas por laços de dependência ou alianças políticas, só não estavam ligados á França, Inglaterra, Suécia e Portugal, isso por volta de 1810.
Napoleão tentou conquistar Portugal e Inglaterra, mas acabou não conseguindo e assim proclamou o Bloqueio Continental, onde nenhum país deveria ter relações comerciais com a Inglaterra, no qual somente Portugal não aderiu.
Napoleão chegou ao auge entre 1804 e 1814, chegou a ser considerado e proclamado “O Imperador da Europa”. Mas suas ambições eram demasiadamente grandes. Admirador do Império Romano, Napoleão queria fazer mais que o Império Romano. Fez diversos acordos, invasões, campanhas e em meio a isso cometeu muitos erros.
Em 1807 as tropas napoleônicas invadiram Portugal, sob o comando do general Jean-Andoche Junot, mas em 1808 os britânicos enviam uma força expedicionária comandada por Arthur Wellesley, que, juntamente com forças portuguesas forçam os franceses à retirada, pela Convenção de Sintra.
Em 1809 as tropas invadiram Portugal novamente. Desta vez sob o comando Marechal Nicolas Jean de Dieu Soult conquistaram vitórias, chegando até a cidade do Porto. Foi nesta invasão que aconteceu o desastre das Pontes Barcas, em que morreram cerca de 4000 mil pessoas. Porém, no mesmo ano tropas inglesas e portuguesas conseguem expulsar as tropas francesas para o Norte.
Em 1810 uma nova invasão francesa. O encarregado da missão foi o Marechal André Masséna. As tropas francesas invadiram Portugal pela região nordeste, mas novamente fracassaram. As tropas francesas marchavam até Lisboa, mas foram interceptadas por tropas inglesas e portuguesas. Após o confronto, Masséna tentou conquistar Lisboa, mas fracassou novamente, tendo assim que retirar suas tropas de Portugal em 1811.
Em 1812, Napoleão decide invadir a Rússia, com o “Grande Armée” (Grande Exército). Entre batalhas em diversos frontes, Napoleão ia levando vantagem. As tropas russas decidiram então adotar uma tática diferente, decidiram recuar. Como as tropas de Napoleão estavam ficando sem armamentos e comida, era uma armadilha. Napoleão decidiu rumar em direção para Moscou, achando que poderia reabastecer. Mas não foi exatamente o que aconteceu. Franceses e russos travaram uma sangrenta batalha, com muitas baixas em ambas as partes. Mas Napoleão venceu a batalha e as tropas russas se retiraram. Napoleão então esperava o rendição do Czar, mas enquanto isto não acontecia às tropas russas iam aumentando novamente. Napoleão viu que a rendição não ia acontecer e decidiu voltar para a França. Na volta tropas russas contra-atacaram as tropas de Napoleão, apesar das tropas napoleônicas ainda conseguirem vantagem o tempo passava e o frio chegava com muita rapidez e força. As tropas de Napoleão já estavam exaustas e sob o frio intenso iam sucumbindo. O último passo era atravessar o Rio Berezina, mas um erro estratégico ocorreu antes disso, as tropas de Napoleão vorazmente destruíram grande parte dos alimentos que poderiam durar todo o inverno. Então, ao tentar fazer a travessia Napoleão se depara com uma armadilha das tropas russas. Só nesta batalha, Napoleão perdeu mais de 30 mil homens e ao final da guerra, cerca de 550 mil franceses haviam morrido. Então foi dado o indício, Napoleão podia ser vencido. Após esta fracassada campanha o império francês começou a ruir.
Então uma coligação européia entra em luta contra Napoleão e consegue retira-lo do posto de Imperador. Napoleão é exilado na Ilha de Elba (Itália) em 1814, mas foge no ano seguinte. Napoleão chega à França com um novo exército e volta ao poder. É o Governo dos Cem Dias. Napoleão ainda ambicionado pelo poder decide invadir a Bélgica. Conhecida com Batalha de Waterloo, a invasão francesa mostrou mais uma vez a genialidade de Napoleão como estrategista. Lutou contra diversas tropas; prussianas, inglesas, alemães, holandeses, belgas... Mas apesar de toda sua genialidade no front, Napoleão não conseguiu vencer a guerra.
Assim terminara o reinado de Napoleão pela Europa. Talvez se sua ambição fosse menor ou ele tivesse um pouco mais de sensatez, ele teria tido apenas triunfos.
Outro grande personagem da história foi uma mulher, na verdade uma grande, magnífica mulher. Lou Andreas-Salomé (1861-1936) foi uma grande intelectual nascida na Rússia, mas radicada na Alemanha.
Linda e sedutora Lou talvez conseguisse chamar mais a atenção de homens e mulheres não pela sua beleza, mas pela sua postura e inteligência.
Lou era uma amante da vida e uma mulher à frente de seu tempo. Não se apegava a cultura de sua época, fazendo assim de sua vida um paralelo da realidade que vivia.
Sua beleza, postura e inteligência encantou muitos homens. Alguém chegou até a escrever: “Quando Lou se interessa apaixonadamente por um homem, nove meses depois este homem dá à luz um livro. Um interesse pelo outro que o leva a crescer e produzir - mesmo quando esse crescimento e essa produção implicam o sofrimento.”
De fato era bem provável que isso acontecesse mesmo. Lou até escreveu alguns ensaios eróticos, talvez fruto de suas experiências amorosas.
Falando em experiências amorosas, Lou conquistou o coração de grandes homens como Nietzsche, Paul Rée, Rainer Rilke, e talvez Richard Wagner.
Mas antes disso, Lou teve uma infância e adolescência ligada a fé em Deus. Ela dizia compartilhar seus segredos a Deus e lhe contar longas histórias de sua vida. Mas quando ficou mais madura, Lou decidiu se afastar de seu amigo, acreditava que tinha perdido sua fé.
Até que um dia ouviu o pastor Hendrik Gillot fazendo uma pregação. Lou decidiu se aproximar de pastor, então Gillot decidiu lhe ensinar filosofia, lógica, teoria do conhecimento, metafísica, teologia além de literatura alemã e francesa. Gillot lhe indicou a leitura de filósofos como Kant, Descartes, Pascal, Voltaire, Rousseau dentre outros. Lou ia conseguindo ter uma formação intelectual fantástica. O pai de Lou então falece e a mãe de Lou não aprovava os estudos de Lou com Gillot, que era considerado um pastor liberal. O que aconteceu depois foi até um presságio de sua mãe: Gillot, casado, pai de duas filhas, praticamente da mesma idade de Lou, pede ela em casamento.
Lou ficou chocada com o pedido e não aceitou. Lou via Gillot como o amigo Deus da adolescência, mesmo assim Lou ainda continuou amiga de Gillot, mas decidiu não encontra-lo mais.
Lou então deixa São Petersburgo em busca de mais conhecimento. Passa por Zurique e vai para Roma onde encontra Malwida von Meysenburg, uma mulher que recusara seus títulos de nobreza a fim de ajudar outras mulheres do machismo imposto pela sociedade.
Através de Malwida Lou conheceu Paul Rée, um filósofo alemão. Não demorou para Lou e Rée tornarem-se grandes amigos e para Rée se apaixonar por Lou. Mas Lou queria uma coisa incomum na época, morar com Rée, mas como amigos. Paul Rée já havia publicado três livros nessa época e havia assistido algumas aulas de Nietzsche, de quem ficar amigo.
Malwida e Rée então decidem convidar Nietzsche para conhecer Lou. Rée disse a Nietzsche que queriam fazer uma comunidade para crescimento intelectual.
Ao conhecer Lou Nietzsche logo se encanta. Os três então decidem formar a Santa Trindade. Daí surge um problema, Nietzsche também se apaixona por Lou e decide pedi-la em casamento, mas é orientado por Rée a não fazer porque Lou tinha aversão ao casamento.
Em uma viajem a Milão Lou e Nietzsche decidem fazer uma longa e demorada caminhada, no qual Nietzsche quase sempre debilitado no estado de saúde se sentiu bem melhor depois.
O grupo se separa, mas logo voltam a se encontrar novamente, dessa vez Nietzsche pede diretamente Lou em casamento e ela prontamente rejeita. Nesse encontro foi tirada uma famosa foto de Lou como um chicote nas mãos em cima de uma cachorra, enquanto Rée e Nietzsche faziam alusão de estarem a puxando.
Novamente os três se separam. Cartas de Nietzsche e Rée chegam para Lou, Rée é mais carinhoso, Nietzsche mais conservado. Lou continua a mesma, com sede de espírito livre.
Lou volta a encontrar Rée onde fortalece mais a amizade entre os dois. Depois disso conhece Elizabeth, irmã de Nietzsche, que não gosta de Lou, pelo fato dela ser liberal. Mesmo assim Lou viaja com Elizabeth e vai encontrar Nietzsche. A idéia de Elizabeth era de proteger o irmão de Lou. Mas não conseguiu impedir os longos passeios pela floresta, as longas conversas no quarto até tarde. Nietzsche estava feliz e queria que Lou fosse sua discípula, que continuasse seu pensamento.
Mas Lou se encanta apenas com a filosofia, com o conhecimento que Nietzsche lhe dava. Elizabeth e Nietzsche brigam, e Elizabeth faz questão de difamar Lou.
Um tempo depois Lou, Nietzsche e Rée voltam a se encontrar. Mas Nietzsche via Rée como um rival e o critica duramente. Lou perde seu encanto por Nietzsche e muda-se para Paris com Rée, onde passam a morar juntos como amigos, para a infelicidade de Rée.
Nietzsche escreve várias cartas aos dois mostrando amargor. Elizabeth sabendo que Nietzsche estava doente volta e vai cuidar do irmão, e continua a atacar Lou, que pouco importa com isso.
Lou muda para Berlim, sempre com o amigo Rée. Lou disse ter vivido belos anos com Rée, e dizia ser um amigo de nobreza.
Depois disso Lou conhece Carl Andréas, um professor de língua persa 15 anos mais velho que ela e, para espanto de todos, casa-se com ele. Mas o casamento nunca foi um casamento de verdade, pois no acordo sequer previa contato físico entre os dois.
Lou também queria fosse respeitada sua liberdade e sua amizade com Rée. Mas para a surpresa de Lou, Rée muda-se de Berlim repentinamente. Lou registra em seu diário a falta do amigo.
Após isso escreve Personagens Femininos de Ibsen que faz muito sucesso. Também escreve Friederich Nietzsche e o romance Ruth.
Então Lou conhece o médico Friederich Peneis, este aparentemente foi quem teve a primeira relação sexual com Lou. Peneis e Lou tiveram um caso que durou cerca de 12 anos. Peneis sempre insistia que Lou se divorciasse para se casar com ele.
Em 1897 Lou foi apresenta ao poeta René-Marie Rilke, 14 anos mais jovem que ela. Rilke então lhe conta que é ele que lhe escreve poemas anônimos. Lou decide conhecer melhor Rilke. Ao que parece, Rilke foi o primeiro homem que atraiu Lou fisicamente e intelectualmente. Os dois viveram um romance além de trocarem várias cartas e bilhetes que contribuíram para o crescimento de Rilke. Lou convence Rilke a mudar seu nome de René-Marie Rilke para René-Maria Rilke, alegando que o primeiro parecia muito feminino.
Lou, Rilke e Andréas viajam para Moscou, onde forma recebidos por Tolstoi.
No ano seguinte Lou viaja novamente para a Rússia com Rilke, dessa vez sem Andréas. Os dois vivem intensamente a passagem pela Rússia, viajando pelo país.
Lou volta para Alemanha então e depois fica sabendo que Rilke conheceu uma mulher e a pediu em casamento. Lou ficou surpresa, mas não se abateu com o fato. Ela continuou trocando correspondências com Rilke, que lhe mandava poemas para serem analisados. Em 1901 Rilke se casa e Paul Rée morre. Lou se sentiu culpada e ficou marcado para sempre em sua a morte de Rée, pois se suspeitou de suicídio.
Depois disso Lou publicou outro livro em 1902, Na Zona Crepuscular, ficou grávida e perdeu o bebê depois de uma queda, acabou seu caso com Peneis, escreveu outro livro em 1910, O Erotismo.
Lou ainda conheceu Henri Bérgson, Sartre, Jung e Freud, no qual tinha grande admiração por Lou. Nostálgica Lou escreveu Rodinka (A Pequena Pátria) em 1923, dedicando o livro à Anna Freud, filha de Freud.
Com o passar dos anos Lou se dedicou mais a congressos, reuniões sobre psicanálise e publicava artigos sobre o assunto.
Rilke morreu em 1928, em 1930 Lou escreve sua biografia. Em 1931 escreveu Carta Aberta a Freud, demonstrando gratidão ao amigo.
Após a morte de Andréas Lou começou a sofrer de diabetes, então em 5 de fevereiro de 1937 Lou Andreas-Salomé morreu durante o sono aos 76 anos.
Morreu uma inteligente, linda, sedutora, fantástica, um exemplo de como ser uma verdadeira amante real da vida... Quase perfeita.
O único erro de Lou foi ter nascido inteligente, linda, sedutora, fantástica e torna-se uma amante da vida. [Risos]