Um velho sábio que vivia sozinho em uma montanha um dia ficou surpreso com uma visita. Um menino veio ao seu encontro. Há muito tempo o velho não recebia visitas, pois quase todos da cidade não acreditavam mais em seus conselhos.
Ao se aproximar, sem cerimônia o menino perguntou ao velho sábio:
- Por que os adultos desprezam sua alma e o seu corpo?
O velho sábio resolve lhe indagar primeiro:
- Vocês crianças sabem o que é o desprezo do corpo e da alma?
- Eu sou corpo e alma, nós crianças somos corpo e alma; responde o menino.
O velho sábio volta a lhe perguntar:
- O que entende como corpo?
- Ele é nosso templo, onde existem várias pessoas que trabalham nele todos os dias sem cessar, cada uma com sua função, mas todos trabalham
O velho sábio se espanta com resposta e volta a indagar o menino:
- Quem é o chefe?
- O chefe é a nossa alma. Ela comanda todo o templo. O templo não tem acesso ao mundo exterior, só o chefe pode fazer este contato. Mas às vezes o chefe faz más escolhas, depois não passa as ordens corretas as pessoas que trabalham no templo, então corpo e alma perdem a harmonia. Responde o menino.
- Mas se as pessoas trabalham sem cessar no templo, por que precisam receber ordens do chefe? Elas deveriam saber o que fazer sempre não acha? Pergunta o velho sábio ao menino.
- As pessoas que vivem no templo não são funcionárias, elas vivem e trabalham no templo apenas para fazer o chefe feliz.
O velho sábio pensa um pouco e então diz ao menino:
- O chefe de cada criança está sempre feliz?
- Sim! Responde o menino. - Ele sempre está muito feliz. Mesmo que ele faça más escolhas e acabe atrapalhando as pessoas do templo, ele sempre pede desculpas pela sua ingenuidade.
O velho sábio recosta sobre a cadeira, olha para o céu e decide responder a pergunta do menino.
- Então quer saber por que os adultos desprezam sua alma e seu corpo? Bom, os adultos sabem o que fazem mesmo fazendo más escolhas, eles conseguem reger seu corpo e sua alma de forma harmoniosa. Altos e baixos fazem parte da vida dos adultos. O fato de um adulto não estar bem, não significa que ele escolheu mal seu caminho.
O menino olha no fundo dos olhos do velho sábio e diz:
- O senhor respondeu minha pergunta como muitos outros adultos haviam respondido. Quando disse para eles que viria aqui, me disseram que seus conselhos não tem mais valor algum. Acho que tinham razão...
- Se tinha dúvidas que meus conselhos não tem mais valor algum, por que veio me procurar? Replica o velho sábio.
- O senhor era a última pessoa que restava. Porém não acho que foi em vão minha vida aqui.
O velho pensa um pouco. Pensou na época em que era respeitado e todos lhe procuravam para pedir conselhos e saíam felizes de sua velha casa na montanha. Um pouco constrangido, mas com humildade o velho sábio pergunta ao menino:
- Por que acha que não foi em vão sua vinda aqui?
- Agora tenho certeza que quando crescemos perdemos nossa alma. Sua resposta me mostrou isto, porque foi igual ao dos outros adultos da cidade. Muitos pedem a Deus todos os dias paz, saúde, felicidade, amor, compaixão... Mas eles não tem mais sua alma, por isso não conseguem o que querem. Eles usam apenas o corpo para conseguir seus objetivos, suas más escolhas não frutos da alma. A alma é maior que o corpo, é ela quem sabe tudo e o corpo compreende. Mas quando a alma trai, o corpo não perdoa. A alma das crianças é pura e perfeita. Os humanos erram porque não tem mais alma. Eles a perdem porque perdem a inocência de que tinham quando eram crianças. É por isso que desprezam seu corpo; o corpo é inculto, assim os funcionários fazem dele o que bem entendem. Responde o menino ao velho sábio.
O menino dá meia volta começa a descer a montanha. Nesse momento o velho sábio se levanta de sua cadeira e em voz alta pergunta ao menino:
- Hei menino, quem és?
O menino se vira para o velho sábio e responde: - Se fosse realmente sábio saberia. Eu sou o senhor ontem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário