domingo, 12 de julho de 2009

Os três grandes escultores do século de Péricles.

Ficou conhecido Século de Péricles o período histórico compreendido entre o cerco de Samos por parte dos atenienses (439 a.C.) e a derrota dos gregos na Batalha da Queroneia frente o exército macedônio de Filipe II (338 a.C.).
Péricles foi um estratego (general na Grécia Antiga), político e orador ateniense que soube rodear-se das personalidades mais destacadas da época, homens que sobressaíam na política, filosofia, arquitetura, escultura, história, literatura e estratégia.
Péricles realizou também grandes obras públicas e melhorou a qualidade de vida dos cidadãos de Atenas, dando uma grandeza à cidade que não se repetiu novamente, ficando assim marcado seu nome na história, um legado chamado de "século de ouro ateniense", o auge da Grécia Antiga.
Foi neste século que apareceram três grandes escultores da Grécia Antiga: Míron, Fídias e Policleto.

Míron (380 a.C. - 440 a.C.) foi o mais velho escultor dos três grandes escultores. Foi considerado o primeiro escultor a alcançar na arte uma representação natural. Dedicado quase com exclusividade ao bronze, ficou conhecido especialmente por seus estudos de atletas em ação. Infelizmente, nenhuma das suas obras originais chegou até aos nossos dias, durante a fanatizada expansão do cristianismo e sua destruição dos ídolos pagãos. Entretanto a sua popularidade permitiu que os seus trabalhos fossem copiados e possibilitar uma idéia da qualidade da sua obra pelas estas várias réplicas, feitas principalmente para serem vendidas a ricos cidadãos romanos, que queriam com elas decorarem as suas casas ou jardins. Mas dois trabalhos são atribuídos a Míron com certeza; o grupo Atena e Mársias, originalmente na acrópole de Atenas, e o seu trabalho mais célebre, o Discóbolo ou arremessador de disco.
A famosa estátua de Míron produzida em torno de 455 a.C que representa um atleta momentos antes de lançar um disco. Míron representa o corpo em seu momento de máxima tensão, porém esse esforço não é refletido pela face do atleta. Outras características de Míron presentes na escultura são a harmonia o balanceamento e a simetria das proporções corporais. Como tantas outras obras gregas, o original feito em bronze foi perdido e restaram apenas cópias romanas. O principal exemplar foi descoberto em 1781 numa propriedade romana da família Massimo, na Villa Palombara, Esquilino, e restaurada por Giuseppe Angelini.
Atualmente está no Museu Nacional de Roma.



Após Míron, formou-se na escola de mestres de Argos outro grande escultor: Fídias.
Fídias (490 a.C. - 430 a.C.) é considerado o mais famoso escultor grego que viveu em Atenas.
O início de sua carreira é obscuro: é possível que tenha colaborado na sala de iniciação de Elêusis. Também lhe é atribuído um Apolo e um monumento representando Miltíade heroificado e rodeado por deuses, que foi colocado na entrada no santuário de Delfos.
Embora a maior parte de suas obras tenha desaparecido, o que ficou é suficiente para classificá-lo como o maior escultor grego do período clássico, com uma obra escultórica trazia além da majestade das figuras, a graça e a elegância das roupagens e a impressão de movimento. Entre suas obras a mais famosa foi a Estátua de Zeus (447 a.C.), figura central do Templo de Olímpia, esculpida em marfim e ébano, com cerca de 18 metros de altura e destruída por um incêndio (415 a.C.).
Foi escolhido por Péricles para dirigir a decoração do Parthenon (embora não tenha terminado em vida), templo construído na Acrópole ateniense (447 a.C. - 438 a.C.), fez mais três esculturas da deusa Atena: a Atena Prômacos, bronze monumental,;a Atena Lêmnia ou pacificadora; e a colossal Atena Parthenos (438 a.C.), ou triunfante. Todas são conhecidas apenas por descrições de autores antigos. Sabe-se que a Atena Parthenos, de ouro e marfim, media cerca de 12 m de altura. Ataviada com imponente capacete e túnica simples, a deusa se erguia majestosa, com uma lança na mão esquerda e a figura de uma Vitória alada na direita. Acusado de ter-se apropriado de parte do ouro destinado à confecção da Atena Pártenos, foi preso e, segundo alguns, morreu na prisão, e em outras versões, o escultor conseguiu escapar e refugiar-se em Olímpia, onde morre depois de construir a estátua de Zeus, uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Atena Varvakeion, (à esquerda) é uma cópia da estátua de Fídias. Note-se que Atena, com o elaborado capacete, égide e escudo, segura uma Niké ("Vitória" alada) na mão direita e tem, ao lado, um escudo; na parte interna do escudo, uma serpente com barba.
Outra obra de Fídias Atena Pártenos (lit. "A virgem Atena"), gigantesca estátua criselefantina de 11,5 metros esculpida por Fídias para o Parthenon de Atenas, hoje completamente perdida, foi completada e dedicada em 438 a.C. De acordo com Pausânias (séc. II) e Plínio, o Velho (23/79), a pele era de marfim e as vestes, de ouro. A deusa usava a égide, com uma cabeça de Medusa esculpida em marfim, e um elaborado capacete, encimado por uma esfinge central com um grifo de cada lado; segurava uma Niké e uma espada e tinha, aos seus pés, um escudo e uma serpente.

O pintor holandês
Maarten Jacobszoon Heemskerk van Veen (1498 – 1574), foi um dos principais pintores do século XVI. Retratou conceitos religiosos, e ficou especialmente famoso por suas pinturas das Sete maravilhas do Mundo Antigo.
Uma de suas obras foi a ilustração da estátua de Zeus em Olímpia (abaixo), obra atribuída a Fídias.



Por último, aparece
Policleto (470 ou 480 a.C. - 405 a.C.), foi amigo de Míron e Fídias. Policleto foi aluno de Agelaídes (Míron também teria sido).

Também não resistiu ao tempo nenhuma de suas obras, mas algumas de suas obras-primas foram refeitas em mármore pelos romanos.
Entre as suas grandes obras estão o Doríforo ("O Portador da Lança"), Discóforo ("O portador do disco"), Diadúmeno ("O Portador do Diadema"). Todas teriam sido feitas originalmente em bronze por Policleto.
Em seu livro Canon ("Cânone"), datado provavelmente da metade do século 5 a.C o bronzista Policleto investigou as proporções harmoniosas da figura humana masculina. Parece que a harmonia baseava-se na simetria das diferentes partes do corpo, idéia que possivelmente envolvia algum conceito mensurável dessas partes do corpo (volume, forma, profundidade, comprimento, etc.).

Doríforo (acima) foi criado por Policleto em bronze para ilustrar o seu cânone. Note-se, além das proporções, a postura em contrapposto (termo utilizado em escultura para assinalar uma forma de representação humana que busca a naturalidade) e como ela preenche o espaço à sua volta. Essa obra se tornou uma das mais populares obras gregas entre os patrícios romanos, tanto que mais de cinqüenta cópias de mármore do original chegaram até nós. Sua influência durante o Renascimento e o Barroco foi, igualmente, considerável.


Discóforo (à esquerda) também é um reflexo de seu pensamento sobre a concepção do ideal da beleza masculina. Ele foi criado a exemplo do Cânon de Policleto do ideal da forma humana, representando um jovem musculoso e atlético, pronto para arremessar o disco. O original era em bronze, e as obras hoje existentes são cópias romanas em mármore.

Diadúmeno (à esquerda) talvez seja a escultura mais conhecida de Policleto. Diadúmeno, que se apresenta como a imagem ideal e bela de um jovem atleta vitorioso. Dado apresentar características como: a inclinação da cabeça e a atitude mais natural é lhe dado uma maior vivacidade; surgindo portanto nesta época: as figuras mais expressivas, o nu feminino, que permite às estátuas adquirir beleza física, espiritualidade, expressão, movimento e a suavizarão dos músculos. O Diadúmeno é o vencedor das competições esportivas, ainda nu ele levanta seus braços para amarrar o diadema, uma faixa que indica o vencedor e que na estátua original, estaria representada por uma fita de bronze. A escultura está em contrapposto, com seu peso sobre o seu pé direito, seu joelho esquerdo suavemente inclinado e sua cabeça inclinada para a direita, em equilíbrio, demonstrando a sua concentração.


Resumo

Em uma escultura nota-se a existência de determinadas influências, provenientes de outras civilizações e de épocas anteriores.
A escultura grega baseou-se inicialmente num naturalismo ideológico, passando seguidamente a adquirir um estilo geométrico rígido e simplista e um naturalismo progressivo.
No período pré-arcaico utilizaram como material a madeira, dado ainda se encontrarem no início, onde ainda não adquiriram a técnica de construção, sendo portanto o material mais adequado para poder moldar.
Neste período os escultores realizaram obras destinadas à religião (adoração dos deuses), tendo portanto construído o que designamos de Chuanas, as quais eram talhadas a partir de troncos de árvores.
As Chuanas apresentavam como principais características: a existência de cabelos decorativos; apresentavam-se com os olhos fechados e os braços caídos ao longo do corpo. As esculturas mostravam-se extremamente rígidas e seguiam a teoria da frontalidade (técnica utilizada segundo a influência egípcia). A gama de cores utilizada eram: o branco e o vermelhão.
No Período Arcaico (700 a.C. - 500 a.C
) começa a difusão da estatuária grega pelas colônias na Magna Grécia e nas áreas orientais do Mediterrâneo, influenciando as culturas estrangeiras em contato com elas, como a etrusca, a cipriota, a fenícia e mesmo a síria, que antes havia inseminado a própria Grécia. Elementos do estilo Arcaico conheceram momentos de ressurgência até mesmo durante a fase Clássica, e na arte romana helenística algumas escolas demonstraram um apreciável interesse pelo arcaísmo em sínteses ecléticas.
Como transição entre o Período Arcaico e o Período Clássico, está a fase conhecida como Período Severo (500
a.C. - 450 a.C.), justamente pelo seu repúdio ao decorativismo.
Ocorre então uma rápida evolução nas técnicas e no estilo, que leva ao classicismo grego (450
a.C. - 323 a.C.), período em que se realizam as mais importantes e seminais conquistas no terreno do naturalismo, ao mesmo tempo em que perduram uma série de convenções estritas a respeito de proporções e ordem, dando origem a uma síntese sem semelhanças com o mundo mundo antigo e que até hoje permanece uma referência essencial para a arte e cultura de grande parte do mundo.
Começam a ser registradas as atividades de artistas que formariam importantes escolas e estabeleceriam padrões de proporções ainda empregados atualmente. O primeiro autor notável, vencendo definitivamente a severidade remanescente do período Arcaico, foi Míron, criador do célebre Discóbolo, onde as tensões do movimento são exploradas com maestria e realismo. A seguir vem Fídias, que levou a estatuária grega ao seu primeiro momento de real esplendor. Foi autor de estátuas enormes como o Zeus de Olímpia e a Atena Parthenos, imagens dotadas de grande poder, das quais hoje subsistem infelizmente apenas cópias menores ou descrições. Mais dinâmicas são as esculturas do pedimento do Parthenon. Outras obras atribuídas a ele ou a sua escola são o Apolo de Kassel e a Atena Lemnia. Dentre seus seguidores estão Alcamenes e Kresilas. Contemporâneo de Fídias, Policleto
foi de fama igualmente vasta, criador do Cânone de proporções ideais do corpo humano, onde encontrou uma expressão magnífica em suas obras mais conhecidas : Doríforo, Discóforo e o Diadúmeno.



Tales de Mileto, o precursor da filsofia ocidental.


Tales de Mileto nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor onde hoje se localiza a Turquia. Nasceu por volta de 625 ou 624 a.C. e algumas fontes acreditam que ele deva ter falecido por volta 548/6 a.C, já outras acreditam que ele tenha falecido 10 anos antes em 558 a.C em Mileto mesmo.

Tales de Mileto é considerado o pai da filosofia ocidental e grega, também é considerado por muitos um dos Sete Sábios da Grécia; Tales teria sido o primeiro deles. Foi o fundador da Escola Jônica, escola de pensamento dedicada à investigação da origem do universo e de outras questões filosóficas, entre elas a natureza e a validade das propriedades matemáticas dos números e das figuras e estabeleceu sólidos conhecimentos sobre a verdade, a totalidade, a ética e a política, temas ainda atuais em nossos dias.

De suas idéias, no entanto, pouco se conhece; nem há certeza de que tenha escrito um livro. Também não se conhece fragmentos seus. Sua doutrina só nos foi transmitida pelos doxógrafos (compilador de extratos filosóficos para os gregos). A cosmologia de Tales, na qual a água constitui o princípio e a origem do universo ("Tudo é água"), foi uma das primeiras pesquisas sobre a Natureza realizadas pelos.
Suas reflexões giravam em torno da "natureza", de seus quatro elementos fundamentais, terra, ar, fogo e água. Ele era um monista, ou seja, acreditava que tudo era constituído por uma substância primordial, neste caso, a água. Assim sendo, toda a vida teria se originado dela, embora seus discípulos divergissem quanto a ser este corpo a natureza essencial que a tudo permeia.
Tales era um filósofo visionário, que percebia a realidade muito além de seu tempo. Vivendo 2460 anos antes de Charles Darwin, afirmava que o mundo teria evoluído da água por processos naturais.

O filósofo envolveu-se igualmente em experiências inovadoras com o magnetismo, que na sua época representava apenas uma mera curiosidade em torno de matéria-prima constituída de ferro. Ele foi um dos primeiros estudiosos a rejeitar a visão religiosa dos gregos antigos, que viam nos componentes da Natureza, como o Sol, a Lua, e outros, elementos sagrados, deuses a serem reverenciados.

Tales de Mileto e os outros integrantes da Escola Jônica percebiam a constante transmutação das coisas, que se convertiam umas nas outras. Sendo assim, ele concluía que tudo partia de um princípio basilar, conhecido também como arché. Ele procurava, assim, uma nova compreensão do Universo, através da razão e da experiência, rompendo com o ponto de vista meramente religioso.

Conhecedor de diversas áreas usava-as para sobreviver. Introduziu a geometria na Grécia estudando retas e ângulos com os egípcios e estudou a primeira medida de tempo utilizando o relógio solar, fato que o beneficiou quando, estudando o céu, conseguiu prever uma situação apropriada para a colheita de azeitonas. Estudando a medida de tempo percebeu que existiam determinados períodos em que mantinham características distintas dos outros, eram as estações do ano.
Parece provável que Tales conseguiu medir a altura de uma pirâmide do Egito observando o comprimento das sombras no momento em que a sombra de um bastão vertical é igual á sua altura.

Atribuem-se a Tales diversas descobertas matemáticas. Além de estudar a geometria do círculo e do triângulo isósceles, segundo o historiador Heródoto, Tales previu a ocorrência de um eclipse solar no dia 28 de maio de 585 a.C. Aristóteles chegou a considerar este o momento do nascimento da filosofia.
Supõe-se que viveu algum tempo na Babilônia onde entrou em contato com tabelas e instrumentos astronômicos. Porém alguns historiadores acham pouco provável que Tales tenha feito à previsão de um eclipse solar, pois duvidam que os meios existentes na época permitissem tal proeza.
Segundo alguns historiadores, Tales foi comerciante, o que lhe rendeu recursos suficientes para dedicar-se a suas pesquisas. Foi onde Tales teria viajado para o Egito e a Babilônia, entrando assim em contato com astrônomos e matemáticos. Depois de aposentado, passou a dedicar-se à matemática, estabelecendo os fundamentos da geometria.
Talvez seus estudos matemáticos tenham lhe dado mais fama que seu pensamento filosófico, porém sua importância na filosofia é incontestável.

Seus principais seguidores foram Anaxímenes, que via no ar a essência primitiva, e Anaximandro, que mantinha a crença em uma infinidade de esferas em constante interação.
Os mais importantes divulgadores de sua obra, uma vez que não restaram registros escritos sobre seus pensamentos, foram Aristóteles, Platão e Diógenes Laércio.